A poesia na sala de aula

A poesia é a fala do coração. Use-a para aproximar-se do seu aluno e ajudá-lo a desenvolver o gosto e o prazer pela leitura.
A conquista nasce de um carinho, de um toque, de uma palavra certa na hora certa.
Não desperdice oportunidades. Se for preciso, crie, invente... Deixe a imaginação voar livremente.


"Sei que meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele, o oceano seria menor ". Madre Teresa de Calcutá.

“Educar é como dirigir em uma estrada cheia de curvas, exige atenção redobrada, pois, à medida que avançamos, um pouco mais nos é revelado". Silvia Trevisani

"Toda mudança começa primeiro em nós".

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O JORNAL NA ESCOLA

                                           
Letramento é muito mais que alfabetização, é uma condição de quem interage com diferentes gêneros e tipos de leitura e com as diversas funções que a leitura desempenha na vida e nas variadas práticas sociais. Para Freire, “Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”.
Acredita-se que alfabetização se ocupa da aquisição da escrita e o letramento focaliza os aspectos sóciohistóricos da aquisição de uma sociedade.
Caso a prática da leitura e da escrita não estejam acompanhadas de sua devida compreensão, o seu uso torna-se repetitivo e não permite ao seu usuário a competência para envolver-se nas práticas sociais inerentes à escrita, ou seja, fica à margem da sociedade por não conseguir ler livros, jornais, revistas, redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, ainda, sente dificuldade para preencher um formulário ou escrever uma simples carta, também não consegue encontrar informações num catálogo telefônico, ou até compreender uma bula de remédio.
A dificuldade dos alunos em relação à leitura, interpretação de textos e imagens ocasiona apreensão e dificuldade de assimilação. Muitos leem, porém não conseguem compreender o que leram, apenas decodificam os signos da língua, ou seja, são alfabetizados funcionais. Conseguem ler pequenos textos, mas à medida que os textos apresentam maior complexidade, as dificuldades de interpretação e compreensão aparecem. Se as crianças forem estimuladas, o hábito e o gosto pela leitura podem ser desenvolvidos, auxiliando-as na apropriação do texto e na compreensão em todas as disciplinas.
Na prática do ensino, os professores buscam inúmeras formas de trabalhar um determinado conteúdo, visando facilitar o conhecimento ideal para a formação do aluno. Utilizam-se revistas, gibis, jornais e outros tipos de materiais que apresentam um benefício, mas, é interessante que os educadores reflitam sobre o porquê e quando utilizar o jornal na escola. Se o professor não encontrar boas razões dentro de si, para tal uso, a atividade será mecânica e limitada.
O aluno precisa entender que um texto deve ser produzido por alguém e para alguém, não só para se falar sobre alguma coisa ou assunto. Segundo Orlandi “a leitura de um texto não é mera decodificação de sinais gráficos, mas a busca de significações, marcadas pelo processo de produção de texto e também marcadas pelo processo de produção de sua leitura”.
A necessidade de se formar leitores críticos e bons produtores de textos, vai ao encontro dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que abrangem a importância da leitura em diversas situações para que sejam desenvolvidas capacidades de comunicação e expressão, além de valores de outras culturas, que estimulem comportamentos éticos e responsáveis.
Infere Ezequiel T. Silva que, a criança tem que ler para criar-se, informar-se e para aprender a aprender, pois, há evidências de que a exposição do sujeito à multidisciplinaridade de textos cria um ambiente de leiturização, permitindo a prática de diferentes leituras, desde a argumentativa até o quadrinho narrativo. É possível que esta prática de leitura se faça pelo processo de interlocução com textos/autores, desenvolvendo atividades de leitura de quatro tipos: Leitura – busca de informações; Leitura – estudo de textos; Leitura do texto – pretexto; Leitura – fruição do texto.
O uso do jornal deve ser inserido como um norteador do que o professor pretende e do que ele quer construir, desde que utilizado com sabedoria.
O jornal oferece uma visão ampla e atualizada do mundo, incluindo tabelas, gráficos e assuntos que exploram a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade. Se bem monitorada, a leitura torna-se prazerosa e uma grande aliada para conduzir o aluno a conhecer a variedade de gêneros textuais disponíveis, a prática e o uso destes no dia a dia, além de colocá-lo na vivência da atualidade, torna-o sujeito ativo e participativo da realidade social.
Os temas variados: esportes, saúde, meio ambiente, crônicas, artigos, textos opinativos, propiciam a apropriação de atitudes fundamentais na construção de leitores e escritores. O incentivo de ler jornal contribui para, além de despertar o gosto e o prazer pela leitura, ajudar a solucionar problemas relacionados ao insuficiente aproveitamento escolar.


Silvia Trevisani é professora e escritora de Campinas
silvia.trevisani@ig.com.br

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